A literatura é uma coisa inexplicável. Já dizia Fernando Pessoa: “É a maneira mais agradável de ignorar a vida”. Mas a questão é: histórias em quadrinhos é literatura? Pelo ponto de vista de Pessoa – um dos mais importantes poetas do modernismo português – HQ pode ser literatura?
Gabriel Machiaveli Preto e Branco - Lucil têm 23 anos, estuda jornalismo, possui uma barba mal-feita, cabelos bagunçados e uma voz rouca. Detalhe: coleciona desde pequeno revistinhas de HQ. Ele explica nas linhas abaixo um pouco sobre o universo da arte seqüencial.
-São histórias maduras! Quando me falam que HQ é coisa de criancinha, eu só digo que todas as HQs têm seu público alvo, tem HQ para criança e também HQ para adulto De onze para doze anos é que comecei a me interessar pelos clássicos, como Batman e Super-Homem. Tudo foi mudando com a minha idade. Fui amadurecendo, fui pegando coisas mais maduras. Hoje leio HQs mais sérios, com referências literárias.
cabelos mais ou menos lisos, face fina e com uma inteligência fora do normal) e Alan Moore (um bruxo, como ele mesmo se considera, com barbas até o peito e cabelos tampando os ombros, se caracteriza por uma enorme face de metaleiro, ou ainda, gótico).
- O encadernado do Sandman que eu tenho, por exemplo, posso vender por até R$ 1500 reais – conta Lucil, que gosta demais do Neil Gaiman. Ele insiste em reforçar
que as HQs trazem histórias com bastantes referências. Com Sandman, Gaiman coloca
S h a k e s p e a r e como um personagem, Goethe como personagem, que só quem tem um repertório, uma bagagem cultural (digamos) pode compreender — apimenta Lucil.
Escreveu uma das mais engraçadas histórias do Batman – brinco! – uma história bastante hostil em que “o coringa dispara um tiro na coluna da filha do comissário Gordon e ela fica paraplégica” – gritou Lucil, explicando que é uma história bastante forte. Voltando a Alan Moore, ele criou uma das maiores séries de HQ
- Alan Moore é mais famoso por criar histórias mais complexas, que exige certa
Inteligência e maturidade para ler, porque, por exemplo, se der para criança ler, ela não vai entender nada. Outra coisa que Moore faz muito bem é colocar nos seus quadrinhos simbologias de entidades nas quais ele pertence, só quem participa
delas pode compreender – explica.
Indagado sobre o nível de leitura que a HQ pode proporcionar,Lucil
diz:
- Eu creio que a partir do momento em que uma pessoa se aprofunda no universo do HQ, ela vai se sentir obrigada a ler mais, a ampliar horizontes, a achar e refletir sobre as importantes referências que as HQs oferecem –finaliza Lucil.
Cartunista Blogueiro
Outro jovem que lê e faz desenhos de HQ, é Rafael Senra, de 28 anos, que mora em São João Del-Rey. Ele tem um blog onde desenha e publica seus quadrinhos.
Falei com ele pelo MSN e discutimos sobre diversas coisas relacionadas a HQ. Ele faz mestrado em Letras pela Universidade Federal de São João Del-
Rey.
- Aprendi a ler cedo, com 4 anos já lia, por causa de quadrinhos... antes disso, meu pai lia pra mim.
Já em 2007, começou a fazer quadrinhos com seriedade, porque viu amigos conseguindo bons trabalhos.
Seu primeiro trabalho foi a revista Ana crônica, que lançou entre agosto e setembro de 2009.
- Demorei dois anos para fazer, porque faço mestrado, e conciliei a feitura dela com os estudos. Tive ajuda de um amigo, Robson, que diagramou a revista nos padrões da gráfica. O resto foi tipo Exército de um homem só - conta.
Para ver as Charges ou Cartoons de Rafael Senra basta entra no blog:
Sites e Blogs sobre HQ:
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