Se as mulheres que recebem os versos de Camões ao pé do ouvido soubessem que eles não existiriam caso uma dela não fosse sacrificada, o amor que desatina sem doer seria uma ferida que dói e se sente.
Da mesma forma que, na brevidade de uma decisão de vida ou morte, Camões salvou do fundo do Oceano os manuscritos de Os Lusíadas (ao invés de sua amada), um apaixonado pela velocidade deixou na sorte da madrugada uma mulher não tão importante quanto aquilo que realmente nos completa - com ou sem amor.
Enquanto Camões encontrou na literatura a sua imortalidade, o piumhiense Augusto Neto - ou melhor, Guto - vive na plenitude de seu conhecimento e talento absorvendo por quase 30 anos cada detalhe da Fórmula 1, a principal modalidade do mundo em corridas de carros - mais caros, mais potentes e mais desejados do que de todos os outros.
Mito
- A minha primeira corrida foi em 1981, quando Nelson Piquet foi campeão em Las Vegas. Desde então, tomei gosto. E que gosto: de lá pra cá foram mais de 500 corridas acompanhando cada cena. Para ele, Ayrton Senna, vangloriado no circuito internacional como um ‘ser supremo’ e ídolo brasileiro incondicional, não passa do terceiro piloto do país em qualidade e sucesso.
- A Rede Globo criou o mito Ayrton Senna. Até hoje não se passa uma corrida sequer sem o Galvão Bueno relatar o nome dele como o maior de todos os tempos. Piquet e Emerson Fittipaldi foram muito mais completos do que ele. De 0 a 10, daria 8 para Senna.
Galvão
- Ele é petulante, principalmente quando discute assunto com o comentarista Luciano Burti. Guto questiona o narrador brasileiro mais odiado e onipresente da televisão:
- Quem você iria ouvir: um ex-piloto de F1, que conhece, que já participou da maior escuderia (Ferrari), ou de um narrador que insiste em nos fazer engolir seus prefácios? Quem realmente fala com propriedade então?
- Reginaldo Leme. Dá umas gafes, mas sabe sobre o assunto. Só que existem comentaristas melhores.
Shumi
Se não é Senna, quem é o maior de todos os tempos para Guto? O alemão Michael Schumacher, detentor de sete campeonatos mundiais.
- Sem sobra de dúvida, realmente foi o que mais impressionou, não só pelo fato de ter acompanhado toda a carreira dele. Agora, tirando os números, existiram grandes pilotos como Giles Villeneuve, que foi endeusado nos tempos de Ferrari. Mas claro que tiveram outros que fizeram história, como Niki Lauda. Dado como morto após acidente em Nurburgring e anos depois veio a ser campeão novamente.
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